segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A evolução da economia

Um pouco desapontado com o artigo. Alguns exemplos são ruins e erram o alvo. Ele diz que virtualmente nenhum economista convencional viu a crise de 2007 chegando, citando apenas Robert Schiller, outro expoente de economia comportamental. Mas esqueceu seu colega de departamento, Raghuram Rajan, que foi até chamado de ludita pelo Larry Samuels ao prever a crise na conferência de Jackson Hole em 2005. Curioso é que ele também não previu a crise, de forma que seu argumento não é ...bom contra o modelo Econ nem a favor do modelo comportamental. Outro exemplo problemático é o dos presentes. Milton Friedman, usando o modelo Econ, explicou muitos anos atrás que é racional dar presentes, pois escolher bem de acordo com o gosto do presenteado é uma forma de sinalizar o quanto gostamos e o conhecemos. Outros exemplos também não são sólidos, como aquele do quanto comer no jantar (sunk cost não influencia novas decisões, mas sem saber quais considerações de custos e benefícios marginais que cada pessoa enfrenta é difícil criticar a decisão como sendo irracional). Apontar ainda que a existência de crises é prova de que o modelo Econ não funciona é demasiadamente ingênuo. Mancur Olson mostrou, décadas atrás, que racionalidade individual não é fundação suficiente para racionalidade coletiva, resultado que se tornou popular no modelo Econ com o dilema dos prisioneiros, da teoria dos jogos.
Dito isto, concordo com suas conclusões gerais. Creio que economia comportamental certamente ajudará a prover mais explicações e melhorar nossas previsões de comportamento. Mas trata-se apenas de uma expansão do modelo Econ de racionalidade, ao incorporar elementos de psicologia e outras ciências sociais. Assim sendo, economia comportamental não provê a base suficiente para refutação do modelo Econ.

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“Behavioral economics" is still economics, but it is economics done with strong injections of good psychology and other social sciences.
review.chicagobooth.edu

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